Saúde e Bem-estar

Resguardo após o parto normal: como cuidar de você nesse momento especial

Atualizado em: 30/04/25 | Assistência ao parto

Resguardo após o parto normal: como cuidar de você nesse momento especial

O correto “resguardo” do parto normal é importante para que o retorno do organismo ao estado não-grávido ocorra da melhor forma possível. Isso exige tanto cuidados relacionados às mudanças fisiológicas, como às questões de saúde (física e mental) que podem surgir ao longo desse período.

Neste artigo, o Dr. Pablo de Queiroz Santos, ginecologista e obstetra do Espaço Binah, clínica localizada em Florianópolis (SC), abordou o assunto. Continue a leitura e saiba mais!

Como deve ser o resguardo após o parto normal?

As experiências vividas durante o “resguardo” — entendido como o tempo de reconexão e reconstrução após o nascimento — variam imensamente entre as mulheres. Algumas encontram uma recuperação rápida e harmoniosa, enquanto outras necessitam de mais tempo e cuidado para retomar o equilíbrio do corpo e da alma.

De modo geral, partos tranquilos favorecem uma recuperação mais breve. “No entanto, quando o parto é acompanhado de complicações, como uma hemorragia pós-parto seguida de anemia, o caminho de volta à vitalidade é mais lento. Além disso, pode exigir ainda mais atenção e acolhimento”, como explica o Dr. Pablo.

É importante lembrar que o corpo da mulher passou nove meses arquitetando a vida, em um processo de profundas transformações físicas, psicológicas e hormonais. “Por isso mesmo, seria ingênuo esperar que, em poucos dias, ele retornasse ao seu estado anterior”, continua o especialista.

Fora isso, a partir de então o organismo se adapta para outra missão: a amamentação. Durante o puerpério ocorrem mudanças hormonais intensas para iniciar e manter a produção de leite. Isso pode trazer consigo variações emocionais inesperadas: ora euforia e felicidade, ora tristeza e sensibilidade — manifestações conhecidas como blues puerperal, consideradas naturais e transitórias.

E como se todas essas transformações não fossem suficientes, há as pressões silenciosas (internas e externas) que desafiam a mulher em sua nova identidade. O “resguardo” após o parto normal, portanto, não é apenas um tempo de cura física: é também um tempo de permissão para sentir, descansar e reconstruir-se.

Por isso, Dr. Pablo defende com firmeza: “esse período exige suporte genuíno, tanto da família quanto, quando possível, de uma equipe especializada. A puérpera precisa ser envolvida por uma rede de cuidado, compreensão e respeito. Ela deve entender que as dificuldades fazem parte da travessia, mas que, com acolhimento e tempo, cada nova mãe encontra o próprio equilíbrio”.

Quais são as recomendações gerais ao longo dessa fase?

Para que o “resguardo” após o parto normal seja vivido de maneira mais leve e segura, há alguns cuidados simples, mas profundamente significativos. O primeiro e mais essencial é se permitir desacelerar.

“Vivemos em uma cultura que valoriza o fazer incessante, mas o pós-parto pede pausa, escuta e gentileza consigo mesma. O corpo, em sua sabedoria silenciosa, indica o ritmo que deve ser respeitado. Forçar retornos precoces a rotinas intensas não apenas prolonga a recuperação física, como pode fragilizar a saúde emocional”, esclarece Dr. Pablo.

Outro aspecto fundamental é o apoio prático e emocional. Familiares, amigos e profissionais de saúde desempenham papéis preciosos nesse tempo. Porém, é importante alinhar as expectativas ainda durante a gestação.

“Conversar com a rede de apoio e explicar que ajudar pode significar preparar refeições e organizar a casa — e não apenas segurar o bebê —, evita frustrações. Na prática, é isso que torna o apoio realmente efetivo”, complementa.

A privação de sono é outro desafio inevitável. É raro que uma mãe de recém-nascido consiga dormir oito horas consecutivas. Por isso, aprender a descansar de forma fragmentada, cochilando ao longo do dia, torna-se essencial. Como ensina o Dr. Pablo, “se o bebê mamou, está limpo e adormeceu, é hora de aproveitar para descansar também”.

alimentação equilibrada e a hidratação constante também são aliadas importantes na restauração da energia. Cuidar do corpo inclui, ainda, atenção especial à higiene íntima: manter a região genital limpa com água e sabão é, na maioria dos casos, suficiente.

Por fim, talvez um dos gestos mais revolucionários neste período seja acolher, com ternura, a imperfeição. Nem todo dia será fácil, nem toda lágrima precisa ser escondida. A travessia do puerpério é feita de alegrias imensas e também de inseguranças sutis — e ambas são legítimas.

Como deve ser o retorno às atividades no “resguardo”?

O pós-parto é um tempo de reencontro: com o próprio corpo, com os novos ritmos da vida e com uma identidade que também se transforma. E, como toda travessia delicada, exige respeito, escuta e paciência.

Quando se trata do retorno às atividades cotidianas — como praticar exercícios ou retomar o trabalho — não existem regras rígidas e universais. Cada mulher pode seguir o compasso do seu próprio corpo.

Após um parto vaginal, recomenda-se que as atividades diárias sejam retomadas à medida que a mulher se sentir confortável para realizá-las. Assim, deve-se evitar aquelas que provoquem dor ou exaustão excessiva.

cuidado com a segurança também é fundamental. Por isso, atividades que exigem plena atenção, como dirigir, devem ser adiadas enquanto houver o uso de analgésicos opioides, respeitando a recuperação da capacidade de alerta.

Em relação à atividade física, o corpo também pede uma escuta sensível. A parede abdominal, que se distendeu para acolher a vida, leva algumas semanas para reencontrar seu tônus natural.

Portanto, exercícios abdominais suaves podem ser iniciados, se desejado, a qualquer momento após o parto vaginal. Isso, desde que respeitando os limites individuais e evitando esforços que gerem desconforto.

É importante ressaltar que o movimento consciente pode, inclusive, ajudar na prevenção ou no tratamento da diástase dos músculos retos abdominais. Entretanto, a ciência não estabeleceu, com precisão, o impacto dessa prática.

Como deve ser o retorno às atividades sexuais?

Quanto ao retorno à vida sexual, também não há uma regra imutável. O mais importante é compreender que a libido no pós-parto tende a diminuir — efeito do delicado equilíbrio hormonal que preserva a amamentação como prioridade biológica.

Como explica Dr. Pablo, “a natureza entende que, havendo um filhote para amamentar, ainda não é hora de conceber outro — do contrário, o primeiro estaria em risco”. Para isso, o hormônio responsável pela produção de leite, a prolactina, atua como um inibidor natural da libido.

Assim, fisicamente é possível retomar a atividade sexual a partir da segunda semana pós-parto — desde que o períneo esteja cicatrizado e métodos contraceptivos estejam disponíveis. No entanto, a maioria das mulheres prefere aguardar entre seis e oito semanas.

Mas, essa escolha não é apenas física, explica Dr. Pablo. “Ela respeita os desafios da adaptação, o cansaço, a presença dos lóquios (secreções), a secura vaginal e, muitas vezes, a delicada oscilação emocional do chamado ‘quarto trimestre’”.

Quais são os profissionais da saúde envolvidos nesse momento?

Toda forma de apoio multiprofissional é bem-vinda e necessária no “resguardo” do parto normal. “Que riqueza seria se cada mulher pudesse, nesse tempo de transição tão delicado, ser amparada por uma equipe atenta e especializada. Essa tem como papel cuidar não apenas de sua saúde física, mas também do bem-estar emocional e da plenitude da recuperação”, reforça Dr. Pablo.

Entre esses profissionais, o/a fisioterapeuta ocupa um lugar de destaque. Como a gestação é uma das experiências que mais impacta a saúde do assoalho pélvico, o fortalecimento dessa estrutura após o parto é fundamental. Afinal, permite promover a estabilidade, a funcionalidade e a qualidade de vida da mulher.

Outro apoio imprescindível, especialmente diante das intensas oscilações emocionais do puerpério, é o acompanhamento psicológico. Cabe ao obstetra, em sua escuta atenta e cuidadosa, identificar sinais de sofrimento emocional. Nesses casos, deve indicar a busca por um/a psicólogo, oferecendo-lhe um espaço seguro para compreender, elaborar e atravessar essa fase com mais leveza.

Como o Espaço Binah atua no puerpério?

No Espaço Binah, acreditamos que o “resguardo” no parto normal deve ser um tempo de cuidado integral. Para isso, corpo, mente e emoções devem ser acolhidos com o mesmo respeito que celebramos no nascimento. “Para nós, o nascimento de uma mãe é tão importante quanto o nascimento de um filho. Ambos merecem ser vividos com amor, dignidade e compaixão”, diz Dr. Pablo.

Em nossa rotina, reforçamos que cada mulher carrega em si uma sabedoria silenciosa: a de saber quando é hora de avançar e quando é preciso recolher-se. Nosso papel é lembrar que, no pós-parto, mais do que pressa, o que cura é o respeito ao corpo e à alma, que também se renovam.

Para concluir, esperamos que este artigo tenha esclarecido suas dúvidas sobre o “resguardo” após o parto normal. Como vimos, trata-se de um capítulo único na vida de cada mulher e cada família — repleto de desafios, mas também de potência e renascimentos. Com o suporte adequado, o pós-parto pode ser vivido como aquilo que verdadeiramente é: um tempo de cura, de amor e de novas possibilidades!

Se ainda restarem dúvidas a respeito, sinta-se à vontade para entrar em contato e nos perguntar. Dr. Pablo e a equipe do Espaço Binah estão à sua disposição!

Ginecologista, obstetra e diretor técnico do Espaço Binah - CRM/SC 13.883 | RQE: 9909

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