Saúde e Bem-estar

Mitos e verdades sobre o parto normal

Atualizado em: 29/11/22 | Assistência ao parto, Obstetrícia

Mitos e verdades sobre o parto normal

Quantas crenças você já ouviu sobre gestação e filhos? A realidade é que, de fato, as histórias particulares de cada pessoa podem gerar uma série de mitos, seja sobre o parto normal, a amamentação e até as cólicas do bebê…

Neste artigo, vamos desmitificar algumas dessas crenças. Aqui, falamos sobre os mitos e verdades do parto normal, com destaque para algumas informações desencontradas a respeito da humanização da assistência ao parto. Acompanhe com a gente.

Os principais mitos e verdades sobre o parto normal

O nascimento de um filho é um dos eventos mais importantes na vida de uma família e, particularmente, de uma mulher. Experiência única na vida de uma mulher, o parto natural é um momento extremo em profundidade e emoções, chegando a ser comum, para algumas mães, a incapacidade de descrevê-lo em palavras.

Apesar de toda essa importância, a assistência à gestante nem sempre se faz da forma adequada. Muitas vezes, suas crenças e intuições são ignoradas e acaba-se por adotar práticas inadequadas à visão da ciência atual. Do mesmo modo, acabam por não prover as informações necessárias para combater os mitos e os medos impostos pela nossa sociedade.

Nossa intenção é, justamente, trazer informações na tentativa de quebrar este ciclo.

Parto normal dói mais que a cesariana

Verdade, em partes. 

A dor existe nas duas situações, só que em momentos diferentes. Enquanto no parto normal a dor é descrita pela maioria das mulheres como intensa, mas suportável, e é limitada ao período de dilatação do colo e na hora da expulsão, na cesárea ela se instala no pós-operatório. Como se trata de uma cirurgia de grande dimensão, com uma incisão realizada no abdome, a dor perdura por um tempo indeterminado e exatamente no momento em que as mulheres deveriam estar mais “inteiras” para lidar com a criança, consigo e com a amamentação.

A recuperação do parto natural, ao contrário, é mais rápida para a grande maioria das mulheres, principalmente para aquelas que não sofreram intervenções desnecessárias, como a episiotomia. Estudos apontam que 90% das mulheres que tiveram as duas experiências (um parto normal e uma cesariana), escolheriam um parto normal na terceira gravidez para sentirem menos dor!

Todo parto normal é humanizado

Mito

Ainda que o termo tenha entrado “na moda”, a humanização da assistência ao parto é um conceito mais amplo e muito mais complexo, e envolve um conjunto de práticas e atitudes pautadas no diálogo, na empatia e no acolhimento da gestante.

Prestar uma assistência humanizada consiste em abrir-se aos outros, em ter consciência das necessidades comuns e em trabalhar em conjunto para resolver os problemas e mudar as circunstâncias que os causaram. Essa postura permite uma verdadeira reverência pela realidade viva da pessoa.

Neste sentido, podemos dizer que a busca da excelência na assistência humanizada ao parto e nascimento tem como suporte básico a interseção de três pilares:

  • a Bioética;
  • a Medicina Baseada em Evidências Científicas e
  • o Cuidado.

Além disso, prevê orientação adequada e fundamentada em evidências científicas, o respeito da individualidade, da privacidade e da autonomia da mulher. Soma-se a isso o combate à realização de procedimentos que tenham sido comprovados como desnecessários, como a indicação de cesariana não desejada apenas por questão de praticidade e conveniência.

A recuperação do parto humanizado é melhor

Verdade

O parto em normal, em geral, já tem uma recuperação muito mais tranquila do que a da cesariana, como já dissemos aqui. No caso da assistência humanizada, há ainda mais vantagens. Nessa forma de assistência, buscamos respaldo em evidências científicas com o intuito de, entre outras muitas vantagens, potencializar a interação entre a mulher e o recém-nascido, uma em contribuição à outra.

Seja na liberação de uma cascata de hormônios que contribuem para o estabelecimento e aprofundamento do vínculo entre mãe e filho — e, em última instância, até na capacidade de amar, seja nas funções fisiológicas, quando o contato pele a pele entre a mulher e o bebê, que o aquece e acolhe, ainda favorece a amamentação, contribuindo para a liberação de mais ocitocina, hormônio responsável pelas contrações uterinas, que fazem o útero voltar ao tamanho normal e diminui o sangramento, facilitando o processo de recuperação pós-parto.

O cordão umbilical em volta do pescoço do bebê impede o parto normal

Mito, com restrições

A circular de cordão é um achado comum na hora do nascimento. Na maioria das vezes está associado com bebês tão saudáveis quanto os que não apresentaram esta situação ao nascer. O bebê não respira pelo pulmão dentro da barriga, então o medo do bebê se “enforcar” é infundado.

Aproximadamente, 19 a 24% dos bebês nascem com pelo menos uma volta ao redor do pescoço. Sendo que cerca de 3% apresentam duas voltas, 1% três voltas e menos que 1% quatro voltas ou mais.

Na assistência humanizada, como foi visto anteriormente, a continuidade dos cuidados, traduzida, neste caso, como o monitoramento clínico do bem-estar fetal, permite selecionar os raros casos em que a cesárea durante o trabalho de parto será indicada.

A episiotomia não é obrigatória

Verdade

O corte no períneo, região entre a vagina e o ânus, geralmente feito para facilitar a passagem do bebê e com a falsa promessa de protegê-lo de lacerações, flacidez da vagina e da incontinência urinária, só deve ser realizado quando houver indicação específica para o procedimento. Há anos que o uso rotineiro da episiotomia foi abandonado. E isso se deu com base em fortes evidências a respeito do seu dano e ineficácia.

Na assistência humanizada, a episiotomia é realizada raramente e de forma absolutamente individualizada, já que a recuperação das mulheres submetidas a este procedimento tende a ser mais demorada e dolorosa. Conforme novas evidências vão surgindo, mais raro se torna a utilização desta técnica.

Exercícios físicos aceleram o trabalho de parto

Parcialmente verdade

Os exercícios físicos não atuam diretamente na dilatação do colo do útero, mas auxiliam na descida do bebê, além de ajudar a aliviar as dores. Por esse motivo, muitos profissionais propõem caminhada, dança e exercícios de Pilates para as gestantes em trabalho de parto. Isso significa que a mulher não somente não é obrigada a ficar deitada, mas sim incentivada a mover-se livremente.

Existem chás que aceleram o trabalho de parto

Mito

Existe a crença que alimentos quentes e apimentados ajudam a acelerar o trabalho de parto. A justificativa é o fato de que atuam acelerando o metabolismo, mas não existem comprovações científicas com relação ao parto propriamente dito.

É possível tomar anestesia mesmo no parto normal

Verdade

Se, após todas as alternativas não medicamentosas de analgesia falharem — e, principalmente, se for essa a escolha da mulher, pode-se utilizar algumas técnicas de analgesia medicamentosa. Dependendo da fase em que se encontra o trabalho de parto contamos com a peridural, a raquidiana ou a combinação entre as duas.

É importante, durante as consultas de pré-natal, obter informações sobre todas estas possibilidades. Certamente quando a dor estiver muito forte não será o momento adequado para se informar e tomar a decisão correta.

Se você é gestante ou pretende engravidar e tem dúvidas sobre esse assunto, entre em contato com o Espaço Binah, conheça mais sobre o nosso trabalho e agende uma avaliação com o nosso especialista.

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Ginecologista, obstetra e diretor técnico do Espaço Binah - CRM/SC 13.883 | RQE: 9909

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