Saúde e Bem-estar

Induzir o parto normal: é possível de forma natural?

Atualizado em: 30/04/25 | Assistência ao parto

Induzir o parto normal: é possível de forma natural?

Considera-se a possibilidade de induzir o parto normal quando se entende que o bebê estará mais seguro do lado de fora do que de dentro. Esse processo consiste em estimular, as contrações uterinas, geralmente, de maneira medicamentosa, visando acelerar o trabalho de parto.

Neste artigo, o Dr. Pablo de Queiroz Santos, ginecologista e obstetra do Espaço Binah, clínica localizada em Florianópolis (SC), falou a respeito. Vale a pena conferir!

Quando é preciso induzir o parto normal?

Diversas situações podem levar à necessidade de induzir o parto, sempre com o objetivo de garantir a segurança da mãe e do bebê. Entre elas, destacam-se casos em que o bebê não está ganhando peso adequadamente dentro do útero ou quando a gestação ultrapassa as 41 ou 42 semanas sem que o trabalho de parto tenha se iniciado de forma espontânea.

Saiba mais emEvolução das semanas de gestação

Outras situações que podem justificar a indução incluem: rompimento da bolsa amniótica sem início do trabalho de parto; condições de saúde materna, como hipertensão, diabetes ou infecções; alterações na placenta que comprometem o bem-estar fetal; problemas no volume ou na qualidade do líquido amniótico; ou ainda, em casos de gestação gemelar.

Sempre que compreendemos que o bebê estará mais seguro do lado de fora e não houver contraindicações ao parto normal, avaliamos a possibilidade da indução“, explica Dr. Pablo.

Ainda assim, reforçamos que a intervenção medicamentosa é sempre considerada com cautela, sendo a última alternativa após uma avaliação criteriosa. Nosso compromisso é preservar, sempre que possível, o curso natural do trabalho de parto, reconhecendo que cada intervenção traz consigo benefícios e potenciais efeitos colaterais que precisam ser ponderados com sensibilidade e responsabilidade.

Quais são os métodos de indução mais recomendados?

Antes de iniciar a indução, realiza-se uma avaliação criteriosa, essencial para garantir a segurança e o melhor desfecho para mãe e bebê. Nesse exame, confirma-se com precisão o tempo de gestação, avalia-se a posição do bebê no útero, estima-se seu peso, examina-se o colo do útero e monitora-se o batimento cardíaco fetal. Cada detalhe observado orienta a escolha mais adequada e respeitosa para o início do trabalho de parto.

A partir dessa avaliação cuidadosa, defini-se o método de indução com base, principalmente, nas condições do colo do útero — o que nos indica o quão próximo o corpo já está de entrar em trabalho de parto espontaneamente.

Algumas mulheres apresentam um colo considerado “favorável” — com certo grau de dilatação, mais amolecido e com o bebê bem-posicionado. Nesses casos, é como se os primeiros passos do trabalho de parto já tivessem sido dados. Para essas mulheres, busca-se estimular as contrações, geralmente utilizando ocitocina intravenosa.

Por outro lado, quando o colo do útero está “desfavorável” — fechado, mais rígido e com o bebê alto — é necessário, primeiro, preparar o corpo para receber as contrações de forma eficaz. Nessa situação, utiliza-se a aplicação de prostaglandinas por via vaginal, que promovem o amolecimento e a dilatação do colo, favorecendo a evolução do trabalho de parto e reduzindo a necessidade de uma cesariana.

Esses métodos farmacológicos são realizados sob internação hospitalar, permitindo a monitorização contínua da mãe e do bebê, e garantindo toda a segurança necessária. Para aquelas gestantes que desejam, sempre que possível, evitar o uso de medicamentos, há também a opção do método mecânico: o balão intrauterino. Introduzido no colo e delicadamente inflado, ele estimula a abertura do colo, criando um ambiente mais propício para a dilatação natural.

De maneira geral, para mulheres sem cicatrizes uterinas, como as de cesariana anterior, a medicação é segura e eficaz. Já para aquelas com histórico de cirurgia uterina, optamos pelo balão intrauterino, pois, nesses casos, o uso de medicamentos de preparo cervical é contraindicado“, esclarece Dr. Pablo.

Assim, cada decisão é tomada com extremo cuidado e personalização, respeitando a história, a integridade física e os desejos de cada mulher, garantindo que o caminho para o nascimento seja o mais seguro e humano possível.

Os chamados métodos naturais para indução são seguros?

Práticas como exercícios físicos, relações sexuais, massagens, acupuntura, dietas específicas, chás e outras abordagens populares voltadas à indução do parto carecem de comprovação científica robusta. Como explica o Dr. Pablo de Queiroz Santos, ginecologista e obstetra do Espaço Binah, “não existem estudos relevantes que justifiquem a indicação dessas medidas com base em evidências científicas. Por outro lado, é importante destacar que, embora não comprovadas, essas práticas também não apresentam efeitos colaterais conhecidos.

Entre os métodos não farmacológicos, o único com eficácia comprovada é o descolamento de membranas. Esse procedimento é realizado durante o exame de toque, quando a gestante já apresenta alguma dilatação, e consiste em descolar manualmente a bolsa das paredes do útero. Essa ação estimula a liberação de substâncias que favorecem o início do trabalho de parto.

Os estudos que compararam mulheres submetidas ao descolamento de membranas com aquelas que não passaram pelo procedimento mostraram um adiantamento no início do trabalho de parto entre as que realizaram a técnica. No entanto, em termos de bem-estar materno e fetal, não houve diferença significativa entre os dois grupos“, explica Dr. Pablo.

É fundamental, contudo, que o descolamento de membranas seja indicado com critério. Apesar de ser um método natural, não deve ser realizado apenas pela ansiedade em antecipar o parto. A recomendação é reservá-lo para situações em que já se cogita a indução farmacológica, como, por exemplo, em gestações que alcançam 41 semanas. “Nesses casos, o procedimento pode ser uma alternativa para estimular o trabalho de parto e, eventualmente, evitar a necessidade de medicamentos“, complementa o obstetra.

A serenidade como aliada na indução do parto

Para que o processo de indução do parto flua de maneira segura e respeitosa, é essencial que todos os envolvidos — gestante, cônjuge e familiares — compreendam, desde o início, que a indução é um caminho que exige paciência. Trata-se de um tempo que se desenrola com suavidade, onde cada instante é cuidadosamente acompanhado e cada batimento do bebê é monitorado com atenção e carinho.

“Uma estratégia que pode tornar essa travessia mais tranquila“, orienta o Dr. Pablo de Queiroz Santos, “é iniciar a indução à noite. Nas primeiras horas, é comum que pouco ou nada aconteça, permitindo que a mulher descanse, recupere suas forças e desperte, no dia seguinte, mais preparada para seguir o ritmo do nascimento.

Acima de tudo, é fundamental recordar: precisar de uma indução não diminui a força nem a potência de nenhuma mulher. Pelo contrário — optar pela indução, quando necessário, é um gesto de sabedoria e cuidado, uma escolha que protege vidas e previne complicações que o prolongamento da gestação poderia trazer. Não há fracasso em seguir um caminho diferente do imaginado; há coragem em cada decisão tomada com amor.

Se você tem dúvidas a respeito, entre em contato. A equipe do Espaço Binah terá prazer em ajudar!

Ginecologista, obstetra e diretor técnico do Espaço Binah - CRM/SC 13.883 | RQE: 9909

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